Com amor, de Roma!

Foi prenda de Natal para a minha mãe, e para mim. No final de 2018 ficou definido que íamos a Roma. Cidade que não conhecia e amava conhecer. A minha mãe nunca tinha andado de avião, melhor, nunca tinha feito uma viagem em férias. Estava na altura. Tinha prometido a mim mesma que um dia lhe daria essa prenda para agradecer o esforço na minha ida para a faculdade. Há quem ache que é uma obrigação dos pais. No meu contexto foi um esforço que valorizei muito e me mudou a vida.

Mas vamos lá manter o foco em Roma. Voamos na Low Cost, por isso aterramos em Ciampino. Do aeroporto para o centro, isto é, Termini, fomos de autocarro. Há várias empresas. Fomos na Terravision. O bilhete custa 6 euros. Termini é a estação de transportes de Roma. Lá apanhamos todos os outros meios de transportes. No nosso caso, tivemos de apanhar metro para o hotel. Roma é muito turística e explora bem essa faceta. Optamos por um hotel mais afastado do centro, mas perto do metro. É dos melhores meios de transporte. Deixando a estação de metro, o desafio é calcorrear tudo a pé.

Roma tem a sua luz. No primeiro dia, com todas as viagens, chegámos ao centro já na golden hour. Que bonito o Coliseu rodeado de um céu rosado. Fomos fazendo um reconhecimento das zonas e espreitando tudo com o ar guloso de quem vê em 3D a História que os livros foram relatando. Sou uma apaixonada por História! Estava a passar pelos locais a sentir a sorte que a miúda do sétimo ano teve ao puder ir visitá-los ao vivo. Na época era apenas um sonho.

Roma em poucos dias? Claro que não se pode perder os pontos chave. Falo do colossal Coliseu, que se impõe de forma magistral. A sua figura rodeia-nos e deixa-nos pequenos. Depois, é sentir as bases da organização da democracia e da vida comunitária com o Fórum Romano. Cada ruína tem a sua história. Vale a pena calcorrear aquelas pedras ancestrais, sentir outras passadas, e ter a firme noção que o caminho se faz caminhando. E o Panteão? Que senhor!

Roma é uma cidade para divagar, cada recanto tem um edifício que se impõe. As ruas e ruelas são uma constante na nossa condução pelos espaços. Quando damos conta, estamos em frente da famosa Fontana de Trevi. Bem, em frente, o que vemos é um grande emaranhado de pessoas. Tudo a tirar fotos, horas a fio…enfim. Também lá tirei a minha foto, mas será isso o essencial das viagens, a foto perfeita? Fiquei a matutar na questão.

As praças!

Que praças lindas. Piazza di Spagna, que nos dá uma vista bonita sobre a cidade. Vale a pena subir tudo. A praça é contornada com as principais lojas de roupa da moda. Piazza Novona, sua linda, cheia de luz. Piazza della Repubblica, que imponência senhores! Piazza del Popolo, confesso que nem dei conta quando cheguei à praça, eram as antigas portas da cidade, uma praça enorme com a ornamentação imponente da cidade, que a vê do alto percebe toda a sua magistralidade, que a vê de baixo conhece-lhe os detalhes. Piazza Venezia, de um branco tão límpido e tão contrastante com a sujidade das ruas que nos parece realmente o “bolo da noiva” como os romanos gostam de chamar.

O melhor de andar por Roma é ser surpreendido ao virar da esquina, são os edifícios que parece que se alinham para nos dar as boas vindas, é a música de rua que nos acompanha a jornada, e nos alimenta a alma. Ah e por falar em alimentos, comer bem é em Roma! Costumo dizer que sou “muito portuguesa a comer”, não sei se me entendem. Amo feijão, o nosso azeite e alho, os nossos legumes, as nossas carnes, os nossos refugados, os nossos enchidos…não sou de sushis, nem de comidas chinesas, nem asiáticas, nem mexicanas…nada disso! Já levava boas expetativas. Confirmadas e superadas. Boas pizzas, bom presunto (o que adoro um bom presunto), azeite bom a temperar, boa massa. O que nos valeu foram as caminhadas para desgastar o que se comia. O meu estômago batia palminhas de tanto contentamento. Só de pensar no assunto já estou a salivar.

Retomando a viagem. Temos de retomar ao metro, porque vamos para o Vaticano. Seria possível fazer o percurso a pé, mas com o pouco tempo que tínhamos, seria desperdiçar esse bem precioso. Chegámos à praça de São Pedro. Vimos alguns museus, mas não entramos na capela Sistina (o meu único senão desta viagem). Não a senti como uma praça imponente, confesso que a achei um tanto para o fria. Muita segurança à volta (o que se entende) muitos turistas, pouco significado. No âmbito da fé, acho que sinto mais a mística em Fátima, do que ali. Mas eu tenho a minha própria forma de encarar estes fenómenos, por isso, fica apenas o meu sentimento.

Saímos da praça e fomos caminhando junto ao rio Tibre. Atravessámos as pontes e sentimos a cidade que se edifica junto ao rio. E bebemos os últimos golos da cidade, estava na hora de regressar. Itália voltará a ter-nos, promessa feita pela minha mãe, e toda a gente sabe que as mães não falham.

Nota sobre a autora

O meu nome é Inês Pina.

Sou uma marrona que não gosta de estudar, uma preguiçosa trabalhadora e uma fala-barato solitária.

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1 comentário em “Com amor, de Roma!

  1. Que bom é quando começas a ler um texto e te revés nas palavras da autora…
    Em janeiro fiz a mesma viagem com a minha mãe que também nunca tinha andando de avião… ficamos num hostel na praça da república… super central … foram 4dias em que fizemos tudo aquilo que a Inês fez e fomos ao Vaticano no domingo para a bênção do santo padre… na segunda feira voltamos para ir ao museu e capela cistina… eu já tinha estado em Roma há 20 anos com uma amiga …. claro está que só quisemos farra e vimos só superficialmente…. voltar 20 anos depois com a minha querida mãe…. para a viagem da vida dela deixou me ver e absorver tudo de outra maneira…. obrigada por traduzir tudo aquilo que eu vivi com a minha mãe …. beijinhos

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