Cheiro a limão
Publicado a na categoria Reflexões
(Canção para o meu avô)
A porta bate atrás de mim,
desta morada que é lar.
Neste dia que chega ao fim,
não há nenhum olhar para me abraçar.
Faltas-me tanto que não sei
como lembrar de te esquecer.
A minha memória cheira a limões
e aquece naquela lareira a arder.
Piso esse chão velho a ranger
e volto a ser a tua pequena princesa.
É Agosto e volto para te ver,
recebes-me com aletria sobre a mesa.
Estas mãos que já não te abraçam,
avô, herdei de ti.
Se a morte não fosse eterna,
ainda te tinha aqui.
Nota sobre a autora
Sou apaixonada por histórias desde o verão de 1983 em que a pia me baptizou Tânia Teixeira. Todas e quaisquer histórias.
As que ouvia as vizinhas de um saudoso beco lisboeta contar. As que o meu avô recordava numa aldeia em Trás-os-Montes. As de família e as de desconhecidos. As que cuscava no autocarro a caminho da Universidade. As que leio nos livros que devoro, como se do cozido à portuguesa da minha mãe se tratassem. As que me contam e as que imagino. As que vivo e as que nunca viverei.
Entre a função de Global Marketing Unit Assistant e a paixão pelos tachos, há tempo para as short stories que crio e moram no meu blog a neta da Dulce.
E já sabem, se a vida vos dá limões…
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