Caminhar no interior

Há um lugar onde se pode comungar a natureza no seu estado mais puro. Mais intenso. Muitos verão a resistência das rochas que moldam como um forte os percursos que enchem os pulmões de ar. Outros verão a força dos elementos que amaciaram a superfície rochosa e as tornaram macias o suficiente para que sirvam de pousio depois do extasio dos sentidos.

Viver o interior é conhecer a essência de uma natureza de extremos. Uma natureza que coloca à prova as suas gentes, a sua fauna e a flora. A montanha edifica a barreira que não permite que a brisa do mar chegue até aqui. Por isso, o verão traz o calor, quente e seco, só tolerável com as sombras e nascentes que as serras oferecem. No inverno a mesma montanha transborda o frio e inunda cada recanto com gelo que só o calor da lareira consegue destronar.

O interior não é um lugar de esquecimento, mas sim um lugar de (re) conexão. Um lugar para cultivar a essência e a premissa destes novos tempos: criar uma ligação à natureza.

O primeiro passo é dar muitos passos.

Caminhar.

Deixar o carro é uma ordem!

Se querem começar de forma mais controlada façam os Passadiços do Paiva. No distrito de Arouca, vão fazer os mais felizes 8 km das vossas vidas. Deixem o carro no Areinho e sigam! São algumas horas em comunhão com a natureza. Pelo meio ainda vão encontrar algumas praias fluviais e cascatas. A que reúne melhores condições e permite espaço para piquenique é a praia fluvial do Vau. Uma boa notícia: não precisam de fazer o percurso de ida e volta, podem apenas fazer a ida e voltam de autocarro! Até porque temos de guardar forças para a bela da carne aurouquesa. Comer bem é nesta zona, o vosso estômago até bate palminhas!

Agora, que já encheram os pulmões, vamos arriscar um outro percurso. Calma, não precisa ser tudo no mesmo dia…. Vamos fazer uma vénia à nossa Serra da Estrela. Vamos visitar o Covão dos Conchos. Parar o carro no estacionamento da lagoa comprida e seguir o caminho de terra batida à esquerda da loja de souvenirs. Depois, é mergulhar na serra durante 10 km com a lagoa comprida a guiar o caminho que se faz no meio de uma natureza pouco tocada pelo Homem. Aqui só há espaço para calçado confortável. O Covão dos Conchos é rodeado por rochas que nos servem de esteira para repousar no final da caminhada a ouvir a água, os passarinhos e as rãs. Na mochila basta água, pão, chouriço e queijo…que a caminhada puxa e claro que estamos na terra do melhor queijo e enchidos do mundo!

Fartos de caminhar?! Basta descer a serra um pouco e estão em Loriga mais concretamente em Seia, distrito da Guarda. O património natural de Loriga é fantástico e tem recantos de extrema beleza. Em qualquer altura do ano. O Vale Glaciar, a praia fluvial e o vale das ribeiras são locais que apaixonam os amantes da natureza. Mergulhar nas suas águas dá saúde, de certeza. A água corre com tal limpidez que nos confronta com a necessidade de sermos mais condescendentes com a nossa natureza. Ela dá-nos tanto e nós tiramos tanto!

Sim, o interior tem vida e tem oferta. Estas exploram o corpo. Obrigam-nos a desconfinar na natureza e a reconectarmo-nos. Nada mais revigorante para enfrentar este resto de ano!

Boas caminhadas!

Nota sobre a autora

O meu nome é Inês Pina.

Sou uma marrona que não gosta de estudar, uma preguiçosa trabalhadora e uma fala-barato solitária.

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