Banho de África com crianças

O NOSSO LEMA É IR

O nosso lema é ir. Sempre. E chegando à altura do Natal, é pegar nos miúdos e enfiá-los num avião.

Somos cinco a viajar. Podíamos viajar sozinhos, quero dizer, sem crianças, mas a verdade é que o facto do meu pai me ter proporcionado tantas viagens fora da caixa e a minha mãe ter sempre permitido que me enviassem para fora, sozinha, desde os 10 anos, para escolas internacionais, no verão, acabei por ser uma viajante tão apaixonada que não há dia que não olhe para preços de viagens. Não há como não querer mostrar às minhas filhas, que o mundo é a maior escola da vida. Portas abertas para a liberdade, para o sonho, para a aventura.

Entre os textos que vou escrevendo durante o ano, as reservas, os contactos e os mil e um projectos que invento, acabo sempre por ir, quase todos os dias, ver os preços das viagens. Às vezes são comboios, dormidas em Barcos ou qualquer outra saída possível, e urgente, da rotina. Vejo, também, muitas vezes, o preço dos voos sem destino, simulando datas e vendo para onde, no mundo, se viaja mais barato, naquele dia.

Esta viagem para África do Sul e Mocambique começou assim. No verão, no Alentejo, numa noite de alpendre, debaixo das estrelas e engolidos por uma conversa boa, disse ao Pedro: “Lisboa-Joanesburgo está a 385 euros/pessoa”. E ele respondeu um efusivo: não pode ser!

Não podia, mas era! E assim comprei as passagens. Na manhã seguinte.


À BOLEIA DE TANTOS E MUITOS SORRISOS

Maputo-Tofo passando por Chidenguele

25 dezembro 2017. 23:00. Noite de Natal, malas feitas depois de uns sonhos aviados ao lanche, e jantar marcado com um irmão que vive fora, no aeroporto de Lisboa.

E assim começou a aventura. No lounge de uma companhia aérea com ipads, cartas e canetas, folhas, revistas e livros. Tudo preparado para escalas e transferes. O preço de viajar barato paga-se ou resolve-se com imaginação!

Saímos de Lisboa para Joanesburgo e logo directos para Maputo onde dormimos uma noite. Aqui foi fácil…dormimos em casa de um amigo do Pedro. Chegámos de noite, mas foi tranquilo.  Bairro seguro colado com a presidência. Chegar lá, foram 10 min de carro. O google maps faz milagres.

Tínhamos alugado um 4×4 online, cerca de um mês antes (500 euros, 12 dias). Sabíamos que tínhamos escolhido alguns lugares que queríamos visitar, inacessíveis a um carro vulgar. Dunas, muita areia… e foi para onde fomos logo de manhã. Algures entre Maputo e o Tofo está Chidenguele. Gigantes lagoas, entre a imensidão do mar e o verde da vegetação, que nunca perdemos do horizonte. Estávamos a chegar ao paraíso!

Decidimos gastar um pouco mais para viver dois dias de paz, incríveis, com os miúdos. Numas tendas de luxo sobre estacas, em frente ao mar; o Naara Eco Lodge é um sítio do caraças! Os proprietários são brasileiros. Simpáticos e acessíveis. Sempre prontos a ajudar. O preço não é bem para amigos: 225 dólares/noite, com pequeno almoço. O jantar também não é barato e não é gourmet. É o que há! Mas o que há, chega, e é para lá do suficiente para ser feliz.

Foram dois dias de piscina em frente à lagoa,  uma ida à praia onde quem não tem jipe não sobrevive, nem mesmo esvaziando os pneus. Se é para chegar aqui, é para vir artilhado, e nós fomos. Valeu a pena! A varanda do quarto do Eco-lodge, a vista da piscina, o restaurante ao ar livre… Ainda não tínhamos saído daqui e já sabíamos que íamos querer voltar!

É um sítio para casais ou famílias. Dá para todos, e sem incomodar ninguém! Os miúdos andam sozinhos a fazer de exploradores. Há os caiaques que emprestam para nos perdermos ou, nos encontrarmos na lagoa. As pranchas de Stand Up Paddle que garantem uma a duas horas de sossego com os mais velhos…Há jogos e snooker para juntar a família depois de jantar. Há férias merecidas sob um olhar atento de um qualquer Deus da paz ou do vinho. Aqui estivemos em casa.

Day 4 – Partimos depois do almoço para o Tofo. Umas quatro horas de caminho de Chidenguele, sete horas de Maputo. Verde, verde e mais verde. Que país tão verde. Tão cheio de mar. De água doce e salgada. Não há casas. Há palhotas. Não vemos animais. Há pessoas. Muitas crianças. A um ritmo alucinante como só vemos em África, nas margens deste alcatrão a ferver. A terra é tão quente quanto esta gente de sorriso largo. Gigantes pessoas de abraços apertados. Em duas horas de conversa, passamos a irmão. Levem brinquedos, canetas e cadernos para dar aos miúdos. Vai valer a pena!

A nossa morada na praia

Chegámos a Inhambane de noite e, um desvio na estrada fez-nos entrar diretos no coração do povo. Na pobreza das casas. Um bairro incrivelmente pobre, onde tudo se passa na beira da estrada. É aqui que convivem, que dançam, que bebem a vida. É aqui que vendem tudo, menos a alma. É aqui que fazem o pouco dinheiro que têm, mas nunca vi gente tão feliz. Gente com graça. Com raça. Gente que nos trata direto no olhar.

Alugámos uma casa na praia do Tofo. Estava tudo cheio. Há três meses. No booking não havia nada. Conseguimos um aluguer através de uma tal Melanie, uma espanhola que vive no Tofo. A casa colada à Pousada “Casa da Praia”. Localização 6 estrelas. Pequena demais para nós, mas aderimos à opção de vida daqui: viver na Praia, viver na rua. Uma sala para os miúdos. Um quarto para nós. Fizemos um churrasco com peixe comprado ali mesmo, ao pescador. Quatro noites, 500 euros. De resto, comemos fora. Há muito por onde escolher.

A melhor ponta da praia é esta. A Casa Barrytambém é uma boa opção.

Com espreguiçadeiras, em cima do mar, a vida aqui faz-se mole. Foi neste primeiro camarote para a noite de fim do ano, que vivemos o fim de 2017. O fogo de artifício começou às 23:30. Não fosse esta gente previdente… parece que sabiam que ia começar a trovejar às 24:00. É o segundo ano de passagem do ano encharcada e dizem que é abençoada. Para nós, foi com certeza! Chuva torrencial vista da nossa casinha da Praia, foguetes no ar… e o mar… sempre no horizonte.

No dia 1, para celebrar tanta sorte, fomos com a “Diversity School” visitar uma ilha e fazer snorkeling. Uma ilha que fica demasiado pequena quando a maré sobe, mas tivemos o privilégio de a descobrir sozinhos. Toda uma ilha para uma família de flamingos, e para nós. Fomos num catamaran que partiu da barra, no Flamingos Bay.

Um paraíso que, devido a um incêndio, perdeu quase todos os seus chalets sobre a água. Sobrou um. Quem o agarrar tem a sorte de uma vida. Que sítio demolidor! Lindo! Ainda podem ver o site original com as fotografias de um pedaço de céu.

Tem ainda um restaurante e uma piscina para quem lá queira, apenas, passar o dia!  Passámos depois pelo resort da areia branca. Mais um aplauso. Se cá voltar vou fixar os meus sonhos aqui. Nesta praia tão desconcertante, de areia branca, frente a um mar transparente. 10 pontos.

Foi a melhor forma de entrar em 2018. Em família. Num pedaço de mundo encantado.

A Alice tem cinco anos mas não perde uma aventura. Agarrada ao monitor da escola, em alto mar, lá se atirou para ver peixes. É Leão, nascida em Agosto, mas é um Mogli com barbatanas. E lá foi ela. Debaixo do olhar dos irmãos mais velhos. Ela, e o seu novo amigo. Foram e trouxeram um bocado de mar para o barco. Estrelas, conchas e Moçambique na alma. Estava visto que estava enfeitiçada!

 

 A vida no Tofo

No Tofo há restaurantes. O melhor onde estivemos foi um italiano, onde jantámos no fim do ano. 10 estrelas também para ele. Mesmo ao lado da escola de mergulho. O dono, o Pietro, é uma simpatia.

De resto, o Tofo é pequeno. Tem um mercado, ruas de areia e pouco mais. Quando o Tofo enche, o trânsito torna-se uma loucura. É largar o carro, e andar a pé. Gente a mais, por metros de areia. Os supermercados são demasiado caros e não há farmácia. Aliás, não há quase nada para além das duas lojas de surf e lojas de mergulho. É aviarem-se em terra. Em Maputo mesmo. É escolher um supermercado, num shopping, e encher o carro.

Em viagem, o mesmo problema. Quem vier com crianças tem de se abastecer antes. Em Maputo, ou noutra qualquer cidade grande, como Xai-Xai, não há nada para comer pelo caminho. Às vezes, nem água para comprar. Pão e chocolate podem fazer milagres!

Saímos do Tofo, no dia 2 de Janeiro de 2018. Saímos pelas 11:00. Sem sítio para dormir pelo caminho. Fomos aconselhados a não passar para África do Sul, na fronteira de Ressano Garcia. Estariam umas 10, 12 horas de fila devido ao regresso a casa de quem voltava de férias.

Foi aqui que o brasileiro do Naara Lodge ganhou mais pontos: sugeriu-nos que nos levantássemos cedo e entrássemos pela fronteira de África do Sul, junto à reserva do parque do Limpopo (2 mil meticais =28,50 euros). Escolhemos este modo aventura = 12 horas de carro desde Xai-Xai, onde dormimos num condomínio, em frente ao mar, que marcámos de véspera, até ao destino final no Kruger: o Pestana, em Malalane Gate.

O maior Safari

A passagem na fronteira foi mais do que tranquila. Nem um carro. Pagámos, para aceder ao Kruger, 5000 meticais, ou seja, cerca de 70 euros. Os cinco.

O Kruger faz parte do nosso imaginário. Não há leões deitados na estrada (até há, mas nós não vimos), há impalas, zebras, búfalos por todo o lado. Rinocerontes, girafas, macacos, hienas, elefantes… tantas e tantas espécies… e nós fizemos o mesmo que os outros: parámos o carro e vivemos ali. Tudo o que havia para viver.

o é permitido andar de cabeça de fora, por razões óbvias! É mais do que aconselhável levar máquina fotográfica e abrir a alma. Até binóculos. A natureza em bruto, a selva, as planícies, as estradas de terra, o silêncio… os animais. O mundo é deles. Há que respeitar esta paz e parar o tempo. Há que perceber este mundo mágico e deixarmo-nos levar. 12 horas a atravessar este parque é uma brincadeira para crianças.

Estes jipes abertos circulam no Kruger por todo o lado. São hotéis e agências em massa. Nós entrámos três vezes no parque. A primeira, com o nosso carro, o momento que acabámos de contar – para atravessar o parque até Malalane Gate. Uma segunda, quando fizemos uma visita nestes jipes abertos, para ver o nascer do sol e, tentar ver felinos que, infelizmente, não vimos! Uma terceira, porque ficámos apaixonados por esta África que virou nossa. África dos animais. África do Kruger. A nossa segunda casa.

Só não vemos animais, se estivermos de olhos fechados. Eles estão por todo o lado. E para ajudar quem vem a seguir, todos os dias, os turistas marcam, em cada entrada do parque, os animais que viram e onde viram.

Atravessar seis horas de Kruger – quatro vezes a dimensão do Algarve – é muito mais fácil do que suportar uma fila de espera, parados ao calor, como nos disseram que ia acontecer, se tivéssemos optado pela outra fronteira.

Vimos a natureza a acontecer. Tirámos fotografias. Sonhámos com o regresso. Queimámos quilómetros e redesenhámos a viagem. Dos Big 5, vimos todos menos os felinos. Será sempre uma razão para regressar!

Saímos em Malalane gate pelas 19.00, hora de encerramento do parque. Atravessámos a ponte de coração a transbordar. Esperavam-nos três dias seguidos no Kruger mas, para já, íamos directos ao hotel que escolhemos pela localização.

Uma varanda para o rio dos crocodilos

O Pestana está mesmo à saída do parque. Se pudesse escolher tudo outra vez, teria ficado dentro do parque. Em Skukuza ou em Lower Sabi (cheio de famílias com crianças). Ou nos dois. Há zonas de camping, chalets, quartos, mas teria perdido a varanda do hotel, e isso, custar-me-ia um bocado. A varanda é aquela varanda que queremos conhecer, com vista para o Crocodile River. Ou seja, hipopótamos na água, crocodilos, elefantes a passar. Enfim, a azáfama da vida no rio, e um pôr-do-sol como só em África.

O hotel, onde já se nota o desgaste, continua um bom hotel. Falta-lhe um kids corner. Com tantas crianças faria grande sentido. Por outro lado, tem várias piscinas, uma delas com tubo e escorrega para a água. O valor para cinco, ronda os 300 euros/noite, com pequeno almoço e jantar. Demasiado caro para nós e para a maioria. Para quatro, o preço desce em flecha porque em vez de dois quartos passa a um!

O mundo de Jane Goodall

A 40 min do hotel, está o centro de recuperação de chimpanzés, fundado por Jane Goodall. Vale a pena ir. Fomos sem guia. No nosso carro. Vale a pena conhecer os primatas que lá estão alojados e a história de cada um: os que foram presos, massacrados, roubados e levados para o circo, ou tantas outras histórias. Os que assistiram à morte das mães quando eram bebés, e nunca mais recuperaram. Todos foram resgatados para, finalmente, encontrarem a paz. Aqui, vivem nas novas famílias, nos grupos que integraram. Um dia-a-dia sem pesos, sem trabalho, longe dos dias em que eram prisioneiros.

A terra que nos roubou o coração

África do Sul é um jardim imenso, inundado de verde, com um sol que nos enche a alma. Uma das maiores florestas plantadas do mundo. Faz-nos querer continuar a engolir quilómetros como se fosse um íman, uma doença, uma necessidade básica. É um país com raça. Cheio de  personalidade. Cruzamos histórias em cada esquina. Queremos ver mais, e ficamos anestesiados com a beleza, a grandeza deste país.

Não tive medo. Tivemos cuidado. Não viajámos nunca de noite e sentimo-nos seguros. Polícia em todas as esquinas, uma espécie de Europa cheia de tudo. Um contraste imenso com a pobreza de Moçambique. Só em Joanesburgo se sente muito, ainda, a gigante nação dividida. Ricos e pobres. Pobreza doente, em cada sinal vermelho.

A cidade tem lugares lindos. Tivemos uns guias fantásticos! A Julie Sheier, jornalista, e o Pedro, produtor, nossos amigos, abriram o coração de “Joburg” (Joanesburgo, com amor)  e nós, apaixonámo-nos!

Avenidas inteiras que mais parecem um Restelo mais rico, ou uma imensa Quinta da Marinha, mas não estamos no calor de Cascais, e aqui não se deixam portas abertas. Vêem-se alarmes em todo o lado e vedações com infravermelhos e choques eléctricos. As casas estão equipadas com câmeras. Quem vive nestes bairros sente-se seguro, mas não baixa a guarda. Há que estar atento, mas viver a vida de forma inteira. O dia-a-dia não deixa esquecer as evidências: há muitas crianças a pedir esmola. Crianças pequenas. Bebés ao colo das mães. Em cada esquina. Rasga-nos a alma tanta impotência, mas eu vivia aqui. Joanesburgo é uma cidade linda! Vamos voltar em breve. Alugar um carro e percorrer o país.

A não perder:

O museu do Apartheid. Quando pagamos, os bilhetes, saem aleatoriamente, para “white or non-white” (brancos ou não brancos), o que determina a localização da entrada no museu. Fui na entrada para “non-white” com as miúdas. O Pedro, com o Bernardo, para “white people”. Vivemos parte do museu separados. Angustiante. Faltam-me as palavras para descrever a brutalidade do que esta gente viveu, e ainda tantos vivem, no mundo, para simplesmente, serem vistos como iguais. Ainda hoje, na África do Sul, esta igualdade não existe.

Curiosidades:

Sobre os rinocerontes do Kruger: de três em três horas morre um rinoceronte no parque. Foi-nos contado pelo guia. Parece-me tão excessivo que quase não dá para acreditar. Já li também que são mortos três por dia. A verdade é que muitos são mortos, dentro do parque, alegadamente por caçadores furtivos moçambicanos, que conseguem entrar para roubar o super valioso corno do rinoceronte.

7,5 milhões de dólares, cerca de seis milhões de euros, valerá um corno. Diz o guia. Vejo muitos preços na Internet, não é claro, mas é tão comum e grotesco o que é feito no Kruger, que as autoridades abatem qualquer cidadão, dentro do parque, que mate um rinoceronte e que tente levar o corno do parque.

Quanto custou a viagem:

Lisboa-Joanesburgo 385 euros/pessoa pela TAAG;

Joanesburgo-Maputo 200 euros/pessoa;

(Voos comprados através do site da momondo.pt.)

 

Cuidados a ter em destinos com malária: 

Ir à consulta do viajante ou fazer a consulta online. Nós fizemos online. O médico foi incrível. Explicou tudo. Passou as receitas e respondeu sempre, por email, mesmo durante a viagem. 

Visitar um país com alto risco de transmissão de Malária exige precauções extras, sendo o risco mais elevado em épocas de chuva.

 

Prevenir a picada de mosquitos

Quando nos perguntam se tomámos antipalúdico, sim. Tomámos Malarone. Desde a véspera da chegada até uma semana depois da saída.

   •     Use repelente de insetos sempre que possível. O repelente deve ser aplicado DEPOIS do filtro solar.

   •     Use redes mosquiteiras com inseticida, especialmente se dormir ao ar livre ou em quartos que tenham sido expostos ao exterior. As redes devem ser compridas, de forma a cair no chão.

        Use roupas que protejam todas as áreas do corpo.

   •    Prefira quartos com ar-condicionado, pois assim, com uma diminuição da temperatura, diminui o risco de mordida de mosquitos.

 

Vacinas: Centro de Saúde de Sete Rios

Foi onde fizemos a vacina de febre amarela. Não tomámos mais vacinas. Por opção nossa.

o esperámos. Levem a vossa caderneta de vacinas, ou pelo menos as dos miúdos. Sem isso não conseguem ser vacinados. Este Centro de Saúde tem vacinas todos os dias, de manhã e à tarde. Em Lisboa, é o único.

 

E vá! Não deixe de sair de casa e de ver o que o mundo tem para lhe mostrar!

Rinocerontes do Kruger. O corno que vale ouro

 

 

Nota sobre a autora

Bárbara Alves da Costa

Jornalista

Terra do Sempre

Partilhe nas Redes Sociais
FacebookTwitterPinterest

Deixe uma resposta

* Campos obrigatórios