Aromas em forma de abraço

Diz-se por aí que podemos amar de múltiplas formas e em múltiplos tempos da nossa vida. Na verdade, já que temos de aceitar que não podemos fugir da velhice, podemos optar por louvar as suas vantagens, colocando à altura do nosso espírito, da nossa memória, maturidade e imaginação, o vigor e o prazer que sentimos na juventude, altura em que, por vezes, tão pouco aproveitamos. Depurada pelo esforço dos dias, a maior idade pode tornar-se sublime a partir desses laços invisíveis com a intimidade do mundo.

A maturidade aprofunda-nos os laços e os abraços, os aromas e a consolidação da importância da natureza para o nosso coração. Também a certeza de que o meio ambiente é e sempre incluído numa dessas múltiplas formas de amar. Reconhecemos isso quando damos conta que os abraços também podem ter aromas. E os que estão incluídos nos abraços genuínos são impossíveis de descrever. Não por não existirem na natureza flores ou perfumes capazes de fazer temporariamente parte dos aromas dos corpos humanos, mas porque os aromas dos abraços se infiltram na alma e, além de não existirem palavras para os descrever, ficam gravados para sempre, mesmo que nunca mais se repitam. Até porque um aroma, entre muitas outras coisas, pode também incluir sorrisos que nunca se esquecem. Não pelo efeito químico que todos os aromas têm, mas pelas memórias que podem eventualmente avivar, especialmente quando nelas se inclui alguém que se amou durante uma vida inteira.

O tempo nunca pára. Aquele que não incluiu momentos ou lugares onde se gostaria de ter utilizado uma grande parte dele e também aquele que foi utilizado no seu lugar. A maturidade, a grande prova da velocidade da vida, será juíza das escolhas feitas, mas também uma poderosa guia do tempo que restará.

Nessas escolhas, o amor pelo meio ambiente deve ser um imperativo no nosso coração. E, se quem ama protege, se é verdade que o amor pode durar para sempre, dando e retribuindo, a natureza, ao sentir-se amada, jamais deixará que falhem os aromas em forma de abraço. Daqueles que quando chegam, ficam para sempre.

Nota sobre o autor

José Rodrigues. De Viseu, com 49 anos, é Autor dos romances “O tempo nos teus olhos”, “Voltar a Ti” e “O rio de Esmeralda”.

Com formação superior na Área da Gestão e carreira como consultor e formador. Sócio fundador da Visar, onde desenvolve toda a sua actividade profissional. A família e os amigos, o karate, a natação e o futebol veterano complementam o enorme gosto pela escrita.

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1 comentário em “Aromas em forma de abraço

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