Amores

Amores que não dão certo. Amores que acabam com a nossa sanidade mental. Amores que nos matam. Amor que me mataste.

Primeiro, vigésimo, centésimo, milésimo amor. Um mês, um ano, sete anos… Nada garante eternidade mas quase todos acabam com ela.

Há amores que encaixam mas que não dão certo. Há amores que se eternizam mas que não duram nada.

Todo o amor dói porque todo o amor acaba. Deixei de acreditar na eternidade deste sentimento quando a fortuna me arrancou o que acredito que fosse o meu. Todo o amor destrói e nem por isso ajuda a florescer como dizem. Todo o amor magoa mas nenhum magoa tanto como o que jurávamos à nossa alma que seria para a vida.

As mensagens são bonitas e constantes mas as palavras deixam de ser trocadas com a mesma frequência. Os encontros escasseiam cada vez mais. As desculpas são sempre mais fluentes e as mesmas. Os risos saem mas as lágrimas vêm inevitavelmente na mesma medida (e em crescimento). Sentimos, sabemos que a tragicidade se avizinha mas negamos com todos os dentes porque, afinal, “é o amor da minha vida”.

Os beijos deixam de encher a alma e passam a matar. “Amo-te”‘s são lançados ao ar quando falta o que dizer. As desculpas chegam sempre mas as atitudes continuam as mesmas. O abraço reconforta mas nunca dura muito. O corpo deixa de ferver de desejo e passa a transbordar apenas saudades do toque. O calor vai-se desvanecendo e com ele o amor. Mas continua a ser “o amor da minha vida”, “é paranóia”, “vai ficar tudo bem”. Mesmo que o tempo passe e nunca fique, nunca nada mude.

Datas especiais são postadas mas nunca celebradas como deve ser. De repente é um amor de cama e não de passeios, de cafés, de viagens. Os momentos somente a dois passam a ser cada vez mais a um ou a seis, sete, oito. E de repente deixou de ser um casal. Inevitavelmente. As palavras bonitas são cada vez menos trocadas e especialmente sentidas. Afeto vem porque tem de vir. Todos vêm um amor que já não existe mas eles nunca o admitem.

Amores que deram certo. Amores que eram para ser eternos. Amores que morreram porque o vento soprou de mais e os afastou. Amores que não se fomentaram em condições.

Amores que acabaram porque tiveram de acabar. Amores que acabam porque todo o amor acaba.

Lançam-se ultimatums, jorram-se lágrimas, constroem-se mares, vive-se intensamente como se o mundo dependesse disso. Mas nunca é suficiente e tudo acaba porque tem de acabar.

“Masoquismo”, dizem uns. “Falta de amor próprio”, dizem as tuas amigas. “Ele é o amor da minha vida”, diz o teu coração. Desapegar custa sempre muito mais. Mas o amor acaba. Porque acaba sempre.

E, numa balança que se encontra em constante desequilíbrio, um dia, um dos lados pesa demasiado, um dos lados puxa muito mais que o outro e transborda. É nesse momento que o amor acaba. De vez…

Nota sobre a autora

Rita Gomes
https://wordslu.blogspot.com/2020/04/amores.html

Partilhe nas Redes Sociais
FacebookTwitterPinterest

Deixe uma resposta

* Campos obrigatórios