Acreditas que os Anjos existem?

Nem por isso. Pensas que as asas são só tuas. Para te ajudarem a voar, incluindo para um tempo que julgas ser apenas teu. Para te fazerem chegar a certeza de que, se as fores disfarçando ou escondendo numa espécie de paraíso construído apenas por ti, a tua intolerância vai sendo diluída na importância social que pensas ter e que apenas tu imaginas, tal como as tuas asas. Também, aos poucos, vais deixando que elas te levem a conhecer a ganância, a desigualdade e até mesmo uma forma de novos sorrisos que, disfarçados de grandes reinados, te vão fazendo parecer que, juntando a arte de manipulação que foste aprendendo devagar, talvez tudo isso dure para sempre e que até venhas a conseguir muito bem escolher, em modo exclusivo, o quando, com quem e onde queres continuar a reinar…

Sabes, os paraísos também podem mudar. Em especial, aqueles que se constroem nas nossas próprias cabeças. Uma rajada de vento ou um temporal, podem surgir logo depois de um céu totalmente azul. Até mesmo uma brisa inofensiva, que pensavas ser totalmente incapaz, te pode fazer refletir acerca da tua fragilidade. Também devolver-te a lembrança, se é que alguma vez a tiveste, que a igualdade é coisa preciosa.

Depois de confirmares que, afinal, não és imortal, talvez te sintas frágil. Ao ponto de sentires que o lugar onde nasceste, a tua cor de pele, a tua religião ou a tua carteira, não interessam nada para aqueles que, mais rápido do que o vento, dás conta de estarem incondicionalmente ao teu lado.

Os teus olhos, parecendo enxergar melhor depois do vento acalmar, reparam que algo muito valioso os fez voar até ti, a tempo de assegurar que o teu coração continue a bater. Ao mesmo ritmo da natureza que continuaria mesmo que já não estivesses.

São asas que eles têm, parecidas com as que escondias, mas que servem apenas para te fazer voltar à vida, arriscando os seus paraísos, talvez diferentes dos teu, arriscando os seus reinos, talvez diferentes do teu…

E agora, acreditas que os Anjos existem?

 

Nota sobre o autor

José Rodrigues. De Viseu, com 50 anos, é o autor dos romances “O tempo nos teus olhos”, “Voltar a Ti” e “O rio de Esmeralda”, da Porto Editora. Com formação superior na Área da Gestão e carreira como consultor e formador. Fundador e Administrador da Visar, onde desenvolve toda a sua actividade profissional. A família e os amigos, o karaté, a natação e o futebol veterano complementam o enorme gosto pela escrita.

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