A silenciosa revolução na indústria alimentar

Alguém está a comer doce do pote e à colher!

Somos atualmente 7,7 mil milhões de habitantes neste lindo planeta azul. Estima-se que em 2100 seremos 11,2 mil milhões. Ora, toda esta malta à mesa é capaz de fazer estragos. Não nos vai chegar a premissa de “onde come um português, comem mais dois ou três” nem a premissa do “põe mais água no feijão”.

Alimentar todas estas almas, mantendo, claro está, a saúde do planeta e já agora, dos seus habitantes, será o grande desafio da humanidade.

Algo que deveria ser discutido, com a mesma ênfase que a construção do novo aeroporto, seriam as pequenas e subtis movimentações na indústria alimentar.  Não, não se trata de discutir se os hidratos engordam, se a água com limão emagrece ou qual o “influencer alimentar” que devemos seguir. Trata-se de perceber que há um lóbi montado em torno do que estamos a consumir e em torno do que vamos consumir no futuro.

Pé ante pé, a Monsanto tem vindo a invadir a indústria alimentar do mundo. Para os mais incautos importa apresentar a Monsanto. A Companhia Monsanto é uma multinacional de agricultura e biotecnologia. Situada nos Estados Unidos, em St. Louis. Foi fundada em 1901 por John Francis Queeny, um veterano funcionário da indústria farmacêutica, que iniciou o novo negócio com capital próprio. A multinacional tornou-se líder mundial na produção do herbicida glifosato, vendido sob a marca Roundup. Também é, de longe, a maior produtora de Organismos Geneticamente Modificados (OMG) (transgênicos), detendo entre 70% a 100% do market share para variadas culturas.

A discussão sobre o uso dos pesticidas e os seus efeitos alegadamente cancerígenos tem-se estendido ao longo de décadas. A falta de ética tem vindo a carimbar todas as etapas da empresa. No entanto, onde a empresa está a entrar a pés juntos é na aquisição de patentes dos OGM traduzindo-se em 2000 variedades. É na Índia que este efeito monopólio se faz sentir. A produção de algodão geneticamente modificado, supostamente mais resistente e sem necessidade de herbicidas tem-se vindo a revelar um embuste. Há anos em que as colheitas são tão más que os agricultores nem conseguem pagar as sementes! Tal tem desencadeado ondas de suicídios anómalas. Quem adquirir os organismos geneticamente modificados fica a braços com um contrato “protetor da patente” impedido a replantação. Todos os anos os agricultores devem adquirir novas sementes. Se na América do Norte e do Sul esta é uma realidade já com efeitos bastante visíveis. Na Europa, as políticas mais restritivas tinham vindo a impedir/dificultar a entrada destas práticas no sistema agrícola.

Falamos no passado, porque a Bayer como boa samarita assumiu este compromisso: “Estamos totalmente empenhados em ajudar a resolver um dos maiores desafios da sociedade: como alimentar uma população mundial em rápido crescimento de uma maneira ambientalmente sustentável”, afirmou Werner Baumann, presidente executivo da Bayer. “O que fazemos é bom para os consumidores, porque ajudamos a produzir alimentos eficientes, seguros, saudáveis e acessíveis.” E também “é bom para os nossos cultivadores porque têm melhores escolhas para aumentarem os rendimentos de uma forma sustentável”.

Puff! Agora temos um monopólio gigante quase indestrutível que vai determinar o que comemos e a que preço comemos…

Sabem quando os miúdos estão a lambuzar-se com os dedos enfiado no pote do doce? Normalmente a casa está em silêncio, certo? É assim que estamos. Alguém se está a lambuzar com o pote do doce, e nós não estamos a desconfiar do silêncio!

Se me permitem uma recomendação vejam o documentário: O Mundo Segundo a Monsanto.

Nota sobre a autora

O meu nome é Inês Pina.

Sou uma marrona que não gosta de estudar, uma preguiçosa trabalhadora e uma fala-barato solitária.

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