A pandemia do medo

Estamos cansados desta narrativa cáustica e empedernida. Todos os dias é-nos imposto que mastiguemos discursos esperançosos sem que, no entanto, consigamos observar a evasão que todos precisamos. Contudo, urge, mais do que nunca, apelar ao senso de cada um.

No dia 20 de março, mais de 3 mil pessoas reuniram-se em Lisboa numa manifestação totalmente antiética e despropositada, com o objetivo de reclamar mais liberdade individual, menor intervenção do Estado na gestão da pandemia e ridicularizar evidências científicas. Esta onda de negacionismo, que se estende a toda a Europa, tem-se mostrado danosa para o trabalho que os governos tentam realizar de consciencialização para a gravidade da pandemia de covid-19 e de confiança na vacina desenvolvida pelos diversos laboratórios autenticados pela OMS.

Nos cartazes, podíamos ler mensagens como “não à vacinação experimental” e “salvem-nos desta mascarada”, o que mostra que toda esta intervenção é movida pelo medo. O medo do futuro, o medo de nunca mais recuperarmos a vida pré-covid, o medo de um afundamento económico, o medo que tem a capacidade de nos tornar em seres desprovidos de qualquer juízo moral. Não podemos sucumbir ao medo. Não podemos tapar os olhos desta maneira, quando existem países como o Brasil que todos os dias registam perto de 50 mil novos casos e cerca de 2 mil mortes diárias. Apesar de partilharmos a mesma língua e muitos costumes com este país do outro lado do Atlântico, existe uma disparidade evidente: por um lado, um governo opressivo, autoritário e negligente que condenou o Brasil ao caos e, consequentemente, as pessoas que lutam pela consciencialização do perigo do vírus e pela validade da vacinação; e, por outro, um governo consciente e cauteloso que gere toda esta questão da melhor forma que pode dado a imprevisibilidade e a falta de conhecimento acerca da pandemia e da doença em si, e que é criticado por ser austero e exigente nas medidas de combate à covid-19. Não saberemos a sorte que temos até que vivamos, realmente, numa sociedade totalitária e austera.  

Nota sobre o autor: 

Chamo-me Marco Monteiro, tenho 18 anos, e frequento o curso de Ciências e Tecnologia na Escola Secundária de Cinfães. Sou apaixonado pela escrita, pela cultura e pela literatura. Para mim, escrever é uma forma de evasão, e, ao mesmo tempo, uma maneira de compreender melhor o mundo em que vivemos.

 

Partilhe nas Redes Sociais
FacebookTwitterPinterest

Deixe uma resposta

* Campos obrigatórios