A nova revolução laboral

Vamos falar do seu dia de trabalho? São 18:30h chegou a casa e já está a revirar os olhos com a simples ideia de que vai ter de voltar para aquele sítio. Sente-se em modo piloto automático, uma máquina que segue instruções. O ser sugado por tanta solicitação. Sabe que é com o trabalho que mais dispense tempo e nem sabe bem para quê!

Temos boas notícias!

O emprego, tal como o conhecemos, vai acabar. Estamos a entrar numa nova era. Sim, vem aí mais uma revolução laboral. Sabemos bem como isto se processa. Estudamos a revolução industrial, percebemos que a força laboral saiu do campo e foi para as fábricas, por isso deduzimos que seja algo deste género.

Estamos prontos?

Se calhar não estamos. Já ouvimos falar na Inteligência Artificial (IA)? Já anda por aí. No telemóvel, a câmara fotográfica oferece-a à distância de um “clique”.

Ora, a Inteligência Artificial veio para ficar no mercado de trabalho. Se a revolução industrial trouxe a entrada da máquina para reforçar/substituir a nossa capacidade física. A IA vem dar cartas no reforço da nossa capacidade cognitiva.

Percebeu-se que afinal, a nossa “intuição” não passa de um conjunto de reconhecimentos padrão. Ou seja, sendo as nossas decisões fruto de padrões bioquímicos, a IA consegue replicar. Com vantagens claras: aperfeiçoamento e conectividade. Em segundos, todas as máquinas, estão a receber a nova atualização com o mais recente procedimento. Cenário que jamais aconteceria com a prática exclusivamente humana. É difícil, para não dizer impossível, atualizar de forma simultânea toda uma classe profissional.

Velocidade é a questão do momento. Tivemos séculos para retirar a mão de obra do campo e reconduzi-la para fábricas. Agora, vamos ter uma ou duas décadas para encaixar a IA no nosso mercado laboral. Muitos empregos, nos moldes em que os conhecemos, vão acabar. Um médico de família rotineiro que lê exames e análises, encaminha e medica, como um ben-u-ron pode ser facilmente substituído. Isto não é necessariamente mau. Teríamos era que ter uma reavaliação do curso de medicina e uma canalização mais enfática para a investigação científica. Novos medicamentos, novos tratamentos.

Agora, quanto tempo é preciso para um ajuste curricular nas universidades? Quanto tempo precisa uma classe formada pelos velhos dogmas para se adaptar aos novos? Esta é uma realidade que já não é assim tão ficção científica. O seu smart watch já mede a pulsação, a tensão arterial, o tempo de sono, a atividade física. Daí a medir glicoses, colesterol e por aí fora é um pulinho! Depois é só enviar os dados e a máquina envia um mail com a prescrição.

Falamos nos cuidados de saúde, mas podemos falar em todas as outras áreas, no supermercado já usamos as máquinas para finalizar as compras. Os drones já vão para o campo de batalha sem pilotos e os carros já não precisam de condutores.

Se a última crise nos mostrou o fim do pleno emprego. A nova década que se avizinha traz o pós emprego, como diz Luli Radfahrer.

Falar do fim do emprego terá sempre o lado agridoce. Somos verdadeiros escravos voluntários. Talvez a IA nos traga alguma liberdade. Bem, a nós não, que vamos levar com a enxurrada de mudanças em cima. Como em todas as grandes mudanças vamos ter dificuldades em fazer esse encaixe. Contudo, as gerações futuras poderão levar com o benefício direto e poderão ser livres. “Somos assim. Sonhamos o voo, mas tememos as alturas. Para voar é preciso amar o vazio. Porque o voo só acontece se houver o vazio. O vazio é o espaço da liberdade, a ausência de certezas. Os homens querem voar, mas temem o vazio. Não podem viver sem certezas. Por isso trocam o voo por gaiolas. As gaiolas são o lugar onde as certezas moram” (Dotoiévsksi, 1879).

Claro que isto da IA tem duas vertentes. Ou é uma histeria erudita sem fundamento, ou de facto será um cataclismo aterrador, dado o desemprego maciço que se vai gerar. O certo, é que em 2050 haverá uma forte cooperação entre humanos e robots. Isso é inegável.

A nós cabe-nos ter a plasticidade necessária, pois os novos tempos vão obrigar-nos a sair das nossas gaiolas, disso já ninguém duvida.

Nota sobre a autora

O meu nome é Inês Pina.

Sou uma marrona que não gosta de estudar, uma preguiçosa trabalhadora e uma fala-barato solitária.

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