A instantaneidade da vida

Já todos nos sentimos em modo piloto automático. Sabemos a rota, seguimos as coordenadas de GPS, e completamos a jornada. Tudo segue o seu curso. Uma viagem feita sem sobressaltos, mas isso não nos dá borboletas na barriga.

Sabem como é no filme o “Show de Truman”? Vemos Truman a viver uma vida perfeita, mas que por ser guionada, mesmo sem que ele saiba, não o satisfaz. Quantos de nós não dá passos que se vão desenhando ao sabor das pressões da sociedade, da família, dos amigos…e nos esquecemos de perguntar: “o que é que eu quero?” Quantos de nós já não passaram por isso. Temos, o nosso emprego, a nossa família, a rotina dos dias e depois falta-nos a paixão desenfreada que nos faça correr com a alma toda. Pode dizer-se que é um fisrt world problem. Talvez o seja. O não termos de lutar por algo tende a diminuir-nos. Torna-nos marionetas, tal como se sentiu Truman. Como se alguém nos fosse puxando os cordelinhos e determinando as nossas ações. Ao fim de algum tempo percebemos que não somos donos da nossa vida, mas sim o contrário. Tornamo-nos refém de um guião que pensávamos ter sido nós a escrever.

É assim com um “Família Instantânea”. Vemos um casal que faz o que gosta, tem estabilidade financeira, e uma boa dinâmica de relação. Vive uma boa vida. Até que, quando decide adotar, percebeu que vivia em modo piloto automático. Perceberam que afinal a casa muito arrumada não era assim tão excitante. Que lhe faltava algo.

No caso deles, perceberam que lhe faltava uma família. Melhor, talvez apenas sentido a falta das borboletas na barriga no final de dia. Deram um passo para começar uma família. É talvez dos maiores desafios, construir uma família. Contudo o desafio deles foi ainda maior. Começaram por adotar três crianças, já com bagagem. O filme mostrar-nos como é que a dinâmica entre eles é contruída, como se constrói o amor. Sim, porque o amor é uma construção. Uma construção que se alicerça no quotidiano, nos momentos mais simples, como misturar o macarrão com o queijo.

Não podemos ficar indiferentes. Muitos podem dizer que é mais um cliché do cinema. Talvez os críticos o vejam dessa forma. Mas o espectador sente-o nas entranhas. É um filme que nos penetre, que nos abane só pode ser um bom filme.

Nota sobre a autora

O meu nome é Inês Pina.

Sou uma marrona que não gosta de estudar, uma preguiçosa trabalhadora e uma fala-barato solitária.

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