Só suspiramos quando saírem todos

 

Juro que ouvi o suspiro de alívio do mundo inteiro no momento em que a última criança e o seu treinador saíram da gruta onde estavam encurralados há 17 dias. E sei que não me vou esquecer do tanto que senti e aprendi com o pesadelo destes 12 meninos presos na caverna inundada da Tailândia. Aprendi com aquelas crianças, com os seus pais, com as autoridades, com as equipas de busca e salvamento. E aponto o que não quero esquecer:

– segundo fontes médicas, a meditação foi fundamental para que estas crianças se mantivessem confiantes, calmas, positivas e esperançosas enquanto a ajuda não chegava;

– o treinador do grupo, de apenas 25 anos, usou a meditação e todos os ensinamentos que trouxe da sua experiência como monge budista para manter a união, a paz e a motivação dentro da gruta. São impressionantes e uma lição de vida, os sorrisos e a tranquilidade de todas as crianças durante esta dura jornada;

– o exemplo extraordinário de união e solidariedade dos pais das crianças: o grupo de progenitores manteve-se numa tenda no acampamento a acompanhar os trabalhos das equipas de salvamento sem nunca fazerem perguntas ou pressionarem as autoridades. Visto que não poderiam ver os filhos mal saíssem, pois teriam de ser hospitalizados e ficar em isolamento preventivo, os pais combinaram também que não saberiam os nomes nem a ordem de saída das crianças da gruta, só seriam informados  quando a última fosse retirada. Isto permitiu que controlassem a ansiedade e se mantivessem solidários e unidos até ao fim. – Não consigo parar de pensar nisto. Que altruísmo e união. Que lição de resiliência e força;

– a população local, de forma silenciosa, organizou-se em 3 grupos:

1. Voluntários para os trabalhos nas operações coordenados pelas equipas técnicas de salvamento;

2. Voluntários para garantir comida, bebida e conforto para as horas de descanso das equipas de salvamento;

3. Grupos de meditação e oração promovendo a boa energia, a paz e a esperança no local.

Foi toda esta competência, organização, calma e união que permitiu este final milagroso.

Um homem perdeu a vida durante os trabalhos, um herói que estas crianças jamais esquecerão. Como o mundo jamais esquecerá o que este grupo grupo de crianças tão fortes nos ensinou e os ensinamentos que recebemos para a vida enquanto olhávamos comovidos e mudos, para uma gruta.

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