Deixa-me ver os teus olhos.

Deixa-me ver os teus olhos

Mesmo que seja a única coisa que o teu rosto me mostra.

Sabes, os teus olhos também são meus e o tempo que passou é nosso. Sim, aquele tempo que agora nos parece distante, em que eu via o teu sorriso, mesmo quando o sol parecia não querer nascer e a lua deixava que as nossas gargalhadas se prolongassem pelas noites que pareciam durar para sempre. Como o amor, como a amizade. Como quando a única distância permitida entre nós era nenhuma.

Deixa-me ver os teus olhos, mesmo que o seu brilho se misture com saudade e a sua cor relembre cada uma das tuas expressões de alegria, com as rugas que não querias ter, mas que nasceram na tua casa, também minha, onde vivem as horas que querias que passassem devagar, ao ritmo de cada instante de vida. De cada abraço apertado, de cada palavra dita.

Deixa-me ver os teus olhos, enquanto a tempestade passa e o vento sopra. Se os fechares, ainda que por breves instantes de cansaço, lembra-te que a memória nunca te deixará adormecer sem te lembrares de mim e, talvez por isso te consigas esquecer, mesmo que por pouco tempo, que o teu sorriso se escondeu mas os teus sonhos não. Sabes, também é nos olhos que os sonhos se mostram.

Deixa-me ver os teus olhos.

Mesmo que seja a única coisa que o teu rosto me mostra.

José Rodrigues. 

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