Liberdade
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– Até certo ponto prefiro não ser livre, diz ela de chofre.
Ele, fica a pensar naquilo que foi lançado ao ar.
Por momentos reinou um silêncio ocupado pelo vento, e pelo canto dos pássaros. Depois, daquilo que pareceu uma meditação profunda, ele anuiu o ponto.
– Pois, de facto, a maioria das pessoas anda neste mundo pouco empenhada em ser livre. Limitam-se a pensar que o são. Tudo não passa de uma ilusão. Se fossemos realmente livres estávamos numa verdadeira alhada. Não teríamos de contruir elos e isso destruía-nos! Todos escolhemos ancoras, família, amigos, casa, trabalho…tudo isso que edificamos, por vezes destrói a liberdade total.
A verdade é que escolhemos não ser livres. Jean Jacques Rousseau definiu a civilização como sendo o estádio em que as pessoas constroem vedações à sua volta. A civilização é produto de uma falta de liberdade imposta pelas vedações construídas pela sociedade. A vedação cria-nos o limite. Dentro dos limites sentimos toda a liberdade.
Sem vedações, só sentiríamos o medo!
Foi a vez de ela ouvir, e assimilar a informação. Voltou o silêncio, o vento afastara as nuvens e o sol incidia sobre a face. Iluminava o momento, como se de uma bênção se tratasse. Deixou-se o sol tomar conta da situação. Quando a nuvem se aproximou do sol e lhe roubou a luz, ela sussurrou “o medo, o medo…”
Depois do sussurro, inspirou como que a ganhar coragem e disse: sabes, o medo pode levar-nos a procurar refúgios. Nós, quando nos fechamos nos refúgios ficamos pequenos, incapazes de conhecer a nossa força, de tomar as nossas decisões. Ficamos vulneráveis.
O medo destrói a liberdade!
Ele ouve e nem deixa o ambiente à sua volta ganhar destaque. Salienta de chofre: não, não podemos deixar que o medo nos faça dar passos atrás na liberdade. Temos vedações, mas também temos a liberdade de as mover, de as fazer avançar no espaço e aos poucos tornar-nos totalmente livres, se assim o ansiarmos.
– Que se seja livre, com vedações onde há janelas e portas abertas! Gritou ela segura de si e avançou pelo campo cheio de borboletas e flores vermelhas.
Nota sobre a autora
O meu nome é Inês Pina.
Sou uma marrona que não gosta de estudar, uma preguiçosa trabalhadora e uma fala-barato solitária.